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| Tony Ramos e Irene Ravache como Otávio e Charlô | | |
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Estreou em
outubro o remake de Guerra dos Sexos, substituindo o fenômeno Cheias de Charme
e com uma responsabilidade gigantesca nas mãos, segurar a audiência gigantesca
deixada por sua antecessora. Responsabilidade que Guerra dos Sexos não teve,
ficando com uma audiência que só não é menor que a do último fracasso do
horário, Tempos Modernos. Mas será que “Guerra” merece essa baixa audiência que
faz com a novela seja chamado de fiasco do horário? Vamos analisar um pouco.
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| Reynaldo Gianecchini e Glória Pires vivem Nando e Roberta |
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| Felipe (Edson Celulari) com suas 5 ex-mulheres. |
Primeiro vamos ao texto. Sílvio de Abreu é
dos grandes mestres da nossa teledramaturgia e já nos brindou com ótimas
novelas. Mas infelizmente vejo nele um dos maiores culpados pelo fracasso de
audiência. Adoro o Sílvio e respeito e muito o seu trabalho. Mas ele deveria
fazer mais do que simplesmente pegar o texto original de 1983 e mudar uma ou
outra palavra. E isso acaba com vários furos, alguns até ridículos e outros
menos notórios. Em um capítulo Nieta (Drica Moraes), diz que com ela é “Pão
pão, beijo beijo”. Muita gente não deve ter entendido. Nieta é uma noveleira
assumida, o que faz com o personagem tenha em suas falas algumas referências a
telenovelas. O Pão Pão, Beijo Beijo é uma alusão a novela das 6 de mesmo nome
que estava no ar no ano da novela original. Atualmente a frase ficou sem
sentido. Um furo maior ainda ocorreu com o personagem Kiko (Johnny Massaro),
que em um capítulo disse que ele podia imprimir algo, pois havia aprendido na
faculdade. O furo não é somente grotesco pelo fato de que qualquer pessoa hoje
em dia aprende a imprimir antes mesmo de ir para a escola como também pelo fato
de que o personagem é envolvido com o meio da informática. Outro furo parecido
ocorreu com Zenon (Thiago Rodrigues), que manda cartas para se comunicar com a
família em pleno 2012. Os diálogos parecem arrastados e declamados, o que não
combina com a agilidade das novelas atuais.
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| Bianca Bin como Carolina, personagem que foi de Lucélia Santos. |
Quanto
à direção, a cargo de Jorge Fernando, há um equívoco grande. Não parece novela
que Jorge Fernando está dirigindo. A parceria com Sílvio que não rendeu apenas
a primeira versão de Guerra dos Sexos como várias outras novelas brilhantes com
a comédia como mote central parece não estar dando certo agora. É melhor Jorge
se mexer antes que a novela não tenha mais volta.
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| Luana Piovani como Vânia e Tony Ramos como Otávio. |
O elenco, na minha opinião, é o melhor da
novela. Tony Ramos e Irene Ravache estão brilhando com seus personagens,
brindando com boas atuações, apesar de ambos parecerem exagerados demais em
alguns momentos, nada que lhes tire o brilho do seu talento. Glória Pires está
ótima, acertou muito bem o tom da sua Roberta Leoni. Edson Celulari está muito
bom, apesar de diversas críticas negativas que recebeu, estou adorando a sua
atuação. Outro destaque é Drica Moraes, esbanjando talento e carisma. Bianca
Bin começou mal, artificial e sem personalidade, mas acertou o tom com o tempo
e agora sua Carolina está bem mais crível. Mariana Ximenes está bem, mas parece
não ter se achado ainda e seu personagem até agora está quase que sem função na
história. Reynaldo Gianecchini não está bem, não gostei da sua atuação, porém
seu carisma tira um pouco de foco a sua má interpretação. Thiago Rodrigues está
muito exagerado, gritando demais, alguns momentos até me pareceu que estava
tentando imitar o jeito do Edson Celulari (ator que fez Zenon na primeira
versão). Eriberto Leão e Luana Piovani me surpreenderam, não esperava tantos
dos dois, que se mostram seguros e fazem personagens críveis e bem
interpretados. Paulo Rocha está neutro, interpreta bem as cenas de brigas com
Manuela (Guilhermina Guinle) e as cenas de pai com Cissa (Jesuela Moro), mas se
torna exagerado e palhaço demais em cenas com Felipe (Edson Celulari).
Guilhermina Guinle está segura e interpreta muito bem Manuela, mostra a cada
papel que tem talento para ir mais e mais longe. Raquel Bertami é a revelação
da novela, mostrou talento e pode ter um bom futuro pela frente.
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| Eriberto Leão vive o lutador Ulisses. |
Não acho que o problema de Guerra seja o
tema, dito por muitos como datado demais e sem sentido no mundo atual. O grande
problema está no texto e na direção, que parece estar preguiçosa e mal feita
por parte de seus responsáveis. O elenco está bem, pouco há para reclamar das
atuações. Situações que são para serem engraçadas soam ridículas e sem graça
alguma e dramas que são para serem tristes soam nem tão tristes assim. Sílvio
de Abreu tem talento, Jorge Fernando então nem se fala, então por que Guerra
dos Sexos está tão mal das pernas, tanto em qualidade quanto em audiência? É uma
questão a ser analisada. Não é o remake em si o problema, tanto que Gabriela
(2012), O Astro (2011) e Tititi (2010) estão aí para provar. Ainda tenho
esperanças de que Guerra dos Sexos pode melhorar, talvez surja uma luz que faça
com que Sílvio de Abreu e Jorge Fernando nos deem mais uma novela grandiosa que
nos dê gosto de assistir a cada dia.
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